Botswana, Foto T.Abritta, 2008

sábado, 22 de janeiro de 2011

A Fotografia da Poesia

Sempre que pensamos em fotografia de natureza, imaginamos vistas esplendorosas ou animais fazendo poses fantásticas para as lentes, bastando o fotógrafo “clicar” para obter fotos maravilhosas. Mas, na fotografia de natureza pode haver elaboração e o preparo de um cenário que permita algum planejamento na composição da imagem.
Por exemplo, ao visitar no ano passado o Pantanal mato grossense, na escuridão da noite, o céu estrelado dominava a paisagem. A constelação de Escorpião ficava bem nítida sobre as nossas cabeças com o seu coração, representado pela estrela Antares, brilhando como um farol vermelho. A Via Láctea, conhecida por lá como “Carreiro”, parecia uma estrada luminosa na imensidão do firmamento.
Captar fotograficamente este cenário parecia praticamente impossível, quando a visão da silhueta escura da vegetação que emoldurava este céu maravilhoso me lembrou um verso da poesia "O Vidente" do poeta pantaneiro Manoel de Barros que dizia:

“... uma estrela pousada nas pétalas da noite"

Logo a seguir, a Lua surgiu como se saísse das águas do rio Paraguai, sugerindo-me a fotografia apresentada na Fig. 1, onde a estrela da poesia foi substituída pela Lua, chegando ao que poderíamos chamar de “fotografia da poesia”.



A poesia da fotografia

Por outro lado, muitas vezes, ao olharmos uma imagem que nos agrada não conseguimos descrevê-la com palavras. Mas a evocação de uma poesia pode não só descrever com facilidade o tema visual, como até mesmo complementá-lo. Na Fig. 2 temos um exemplo do que poderíamos, agora, chamar de “a poesia da fotografia” onde novamente usamos a poesia de Manoel de Barros para descrever com certa emoção a fotografia apresentada.
Deixamos para o leitor, como exercício, este olhar poético para suas fotos de cenas familiares e de viagens e quem sabe, um novo enfoque para admirar a natureza.



Figura 1 – Rio Paraguai, Mato Grosso do Sul – 2008, captura digital.



Figura – 2. "Com fios de orvalho aranhas tecem a madrugada". Da poesia "O Livro de Bernardo" do poeta pantaneiro Manoel de Barros.
Alta Floresta, Mato Grosso – 2005, original em cromo colorido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário