Botswana, Foto T.Abritta, 2008

sábado, 24 de novembro de 2018

Escola Partida


numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz.

De A Escola, Paulo Freire.



AD.STUDIO, Rio de Janeiro-RJ. Foto T.Abritta, 2018.


          Tomei conhecimento, há algum tempo, do Projeto de Lei Escola sem Partido, mas não dei importância devido ao absurdo de tentar legislar sobre aspectos educacionais, chegando a detalhes como regulamentar o comportamento de um professor em sala de aula.  Como isto vai na contramão da nossa Constituição, da História e do esforço educacional que temos pela frente para superarmos nosso subdesenvolvimento, acreditava que era mais um destes projetos que seria arquivado in limine.  Mas para minha surpresa, está em andamento.
          Lembro que nossa estrutura educacional passa por princípios constitucionais, pelo Ministério da Educação, Conselho Federal de Educação e pelas estruturas internas universitárias e colegiais. 
          Nas universidades, por exemplo, temos uma reitoria, nas unidades diretorias e departamentos com conselhos deliberativos.  Temos também diretores de graduação, conselhos de graduação, coordenação de cursos.  Ou seja, toda uma estrutura para traçar a melhor política educacional possível. 
          Seria de bom tom que tal insanidade seja arquivada e recomendo uma leitura detalhada de nossa Constituição Federal, pois alguns absurdos deste "projeto" esbarram em seus princípios básicos e certamente acabará considerada ilegal pelo Judiciário, a par de ser altamente desonrosa em um país de grandes educadores. 

- Lembro também que este "projeto", dito educacional, criminaliza o professor, reproduzindo parágrafos do Código Penal e tem traços de fundamentalismo religioso que entravam o Ensino, inclusive de Ciências. Sobre estas tentativas de misturar Ciência com Religião sugiro a leitura do artigo no link abaixo:









domingo, 11 de novembro de 2018

Conversando sobre Ciência



          Hoje em dia, com a velocidade com que circulam as informações, o público leigo deve ficar confuso com diferentes versões entre estudos científicos, como, por exemplo, a ocupação da América e a importância do fóssil conhecido como Luíza que foi encontrado em Minas Gerais. 
          O primeiro estudo concluiu que Luíza tinha origem na África, o que também reforçava uma ocupação da América vinda de povos que atravessaram o Oceano Atlântico.
          Mas estudos genéticos, divulgados recentemente, mostraram que Luíza tinha a mesma origem das outras populações ameríndias, reforçando a teoria de que nossa terra foi ocupada por povos asiáticos que chegaram à América do Norte atravessando o Estreito de Bering.
          Estas mudanças interpretativas podem levar o público a duvidar do que poderíamos chamar de “Verdade Científica”.
          Infelizmente a maioria das pessoas, devido a falhas no Ensino de Ciências, não possuem conhecimentos mínimos dos métodos destas disciplinas.  A maioria até pensa como Aristóteles, voltando dois mil anos no tempo. 
          A Ciência trabalha com hipóteses, experimentações, teorias e confirmações práticas que é essencialmente o método científico que marcou o início da Ciência Moderna com Galileu Galilei no início do século XVII. 
          Nas Ciências Físicas podemos repetir os experimentos inúmeras vezes, em diferentes condições, usar amostras diferentes e simplificar os estudos iniciais escolhendo os parâmetros mais relevantes para formular modelos. 
          Já na Arqueologia, Paleontologia e Antropologia Física, os estudiosos contam, para suas pesquisas, apenas com amostras encontradas que atravessaram eras, como o caso do fóssil Luíza. 
          Assim o mapeamento genético seria, vamos dizer assim, a “Verdade” com os dados obtidos, mas nada impedindo que apareçam novos modelos para a ocupação de nosso continente. 
          Para terminar esta conversa, lembro que Darwin levou vinte anos para publicar a Teoria da Evolução das Espécies, depois de suas longas viagens de coleta de dados e que hoje tentam desqualificar em nome do fundamentalismo religioso e da ignorância.  Sobre este assunto escrevi um ensaio intitulado A Nuvem Negra, que foi publicado no livro Memória, História e Imaginação. 

Abaixo deixo algumas fotos, onde falo sobre dificuldades e perguntas que me intrigaram. 

          Na Foto 1, mostro uma inscrição rupestre no Lajedo do Bravo, Paraíba.  Para analisar estas inscrições, usei o Photoshop, reforçando cada tom das cores, de modo a separar diferentes inscrições.  Após este laborioso e paciente trabalho, podemos identificar a marca de uma mão, superposta a um desenho mais elaborado e marcas de inscrições feitas picotando a pedra. 
          Que povos e em que época deixaram estas marcas? Como datar estas inscrições?


Foto 1 – Inscrição rupestre, Lajedo do Bravo,

Paraíba. Foto T.Abritta, 2011.

          Na Foto 2, mostro uma gigante cabeça Olmeca com traços negroides, que fica no parque de La Venta, México.  Em que modelos de pessoas se inspirou o escultor? Africanos que aqui chegaram?


Foto 2.  Cabeça Olmeca, Parque de La Venta, México.
Foto T.Abritta, 2006.

          Finalmente, a Foto 3 mostra um detalhe das construções da Cultura Pachacamac, que floresceu a uns trinta quilômetros ao sul da atual cidade de Lima, no Peru e que faziam suas construções em adobe, o único material encontrado na desértica região.
          Notem que a História diz que com a chegada dos Incas, esta cultura já estava em decadência, mas se observarem a imagem, os muros mais elaborados, feitos de pedra – sempre atribuídos aos Incas -, ficam abaixo das paredes construídas pelos Pachacamac (que foram restauradas).
          Será que muitas das construções atribuídas aos Incas, foram na verdade feitas por outros povos mais antigos? 
          Uma informação que reforça minhas suspeitas é que muitos historiadores se baseiam no livro O Universo Incaico, de Garcilaso de la Vega, um historiador de origem Inca que valorizava suas raízes junto à Corte Espanhola. 
Tudo muito complicado, não é? E ainda dizem que a Física é uma área difícil!


Construção Pachacamac, Peru.  Foto T. Abritta, 1998.