Botswana, Foto T.Abritta, 2008

domingo, 19 de abril de 2020

Solitude



 A década de 70 foi uma época de grande repressão e violência política. Alguns jovens tentavam procurar caminhos olhando para as filosofias orientais, indianas e dos misteriosos povos do Himalaia. Livros como Sidarta, de Hermann Hesse e O Fio da Navalha, de Somerset Maugham, faziam muito sucesso. O primeiro descreve, em forma de romance, a vida de Sidarta que no fundo era a vida do próprio autor, em sua busca de credos mais autênticos que o levaram a uma peregrinação pela Índia. O segundo romance descreve a odisseia espiritual do jovem Larry, buscando um sentido para a vida e para a morte, após os horrores da Segunda Guerra Mundial.
Outros jovens encontravam uma saída para as suas buscas existenciais não no autêntico Budismo Indiano e sim no Zen Budismo Japonês, que fez um grande sucesso no Ocidente com o livro Introdução ao Zen-Budismo, de D.T.Suzuki, lançado em várias línguas com prefácio de C.G.Jung. Este livro era um prato feito para aqueles que procuravam fugir da lógica do nosso cotidiano, começando pela definição destas ideias: "O Zen nunca explica. Somente nos oferece sugestões. Tentar explicá-lo é como tentar prender o vento em uma caixa. No momento em que se feche a tampa, perde-se o vento e obtém-se o ar estagnado..." Assim como hoje os jovens compram caríssimos telefones celulares, naqueles tempos impressionavam-se apenas com algumas citações Zen Budistas, como: "O caminho do meio está onde não há nem meio nem dois lados. Quando estais escravizados ao mundo objetivo, tendes um dos lados, quando estais com a mente perturbada, tendes o outro. Quando nenhum desses lados existe, não há a parte do meio, e, portanto, aí estará o verdadeiro caminho.
Todos diziam genial, genial e seguiam contentes, embalados pela belíssima música de Ravi Shankar e o som das cordas de sua sitar...


Foto "Solitude". T.Abritta, Tibet (2007).