Botswana, Foto T.Abritta, 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Convite lançamento livro: Fotografia & Imagem: Uma Jornada Poética


Teócrito Abritta e a Biblioteca Municipal de Botafogo convidam para a cerimônia e coquetel de lançamento do livro:

Fotografia & Imagem

Uma Jornada Poética.


Sábado, 6 de dezembro de 2014.
Das 13 às 16 horas.
Biblioteca Municipal de Botafogo
Rua Farani, 53. Botafogo.
Rio de Janeiro, RJ.

Na ocasião também serão lançados os livros:

Conceição Albuquerque:
Perfil de Sombras”.

Mirian de Carvalho:
Vazadouro”.

Silvio José Peixoto
“O Velho Fiscal Da Estação”.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Vocalissimus: Tradução ou Intradução?



To the Roaring Wind.
                                       Wallace Stevens

What syllable are you seeking,
Vocalissimus,
In the distances of sleep?
Speak it.


Em uma tradução livre deste poema, sem preocupação rímica ou métrica, diríamos:

Ao Vento Uivante
                                       Wallace Stevens.

Que significados procuras,
Vocalissimus,
Nas profundezas do sono?
Diga-nos.


          Vocalissimus seria um vocativo-alusão aos “encantamentos” do Canto de Orfeu na inspiração dos poetas.


Mas quem sabe, uma Intradução de Augusto de Campos, não teria mais sentido?
Diga-nos...


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Pas Paquetá


          A velha Vital Brazil atracava preguiçosa, silenciosa.  Exuberante. 
          Com o rouco apito, a multidão se movimenta, corre – pra quê pressa.            Crianças cantando, pulando em voo de borboletas.  Mulheres num alarido: vem, fulano, senta na janela... Homens alegres – cerveja no ar.

                              Esquece por momentos teus cuidados
                              passa um domingo em Paquetá.

          Praça XV, Niterói ficando para trás.
          Último olhar na Ilha Fiscal.  Verde vertical, torreões e janelas, olhos ogivais, despedindo-se no azul horizontal.

          Muitos correm para a amurada.  Olham para cima.  O gigantesco vão central da Ponte Rio-Niterói gira sobre suas cabeças.  Crianças, adultos, jovens e velhos.  Clamor de admiração.  Crianças perguntam: ainda não caíu?
          Com a quentura do sol, a bruma se dissipa, a Serra dos Órgãos surge ao longe na linha de montanhas.
          Mães gritam: vem, sicrano, olha o Dedo de Deus!  E a criançada a perguntar, falar...
          A brisa quente sopra, carregando fedentina no ar.  Um grupo de estudantes conversa: está se tornando impossível a vida marinha.  Tanto esgoto, tantos dejetos químicos.
          No azul do mar cintilam miríades de pontos prateados.

                              Água podre que cheira.
                              Peixe morto que flutua.

          O pequeno arquipélago vai surgindo, a verdejante Paquetá vestindo um colar de recifes, rochas, pedras, ilhas – Brocoió, Folhas, Itapaci, Lobos, Pancaraíba.  Sonoridade ancestral.  Contornamos a Pedra, desembarcando no porto – águas profundas, águas abrigadas.

                              Esquece por momentos teus cuidados
                              passa um domingo em Paquetá.

          A multidão vai saindo.  Alegria única.
          Tal caudaloso rio, correm para praias próximas.  Outros alugam bicicletas, passeiam de charretes ou eco táxis.  Não conhecem?  São triciclos elétricos, silenciosos como a paisagem. 

          A par da abordagem lírica de nosso narrador, hoje não é domingo, não estamos aqui para passear.  Estamos para trabalhar, documentar, denunciar.
          Paquetá, joia de conservação ambiental, histórica e paisagística, afundando num mar de esgoto.



Do acervo da Casa de Orestes Barbosa.  Paquetá, Rio de Janeiro-RJ.
Ver também a transcrição deste texto nas notas finais.

          E o pescador Santiago, outrora O Velho e o Mar, triste, solitário, agora apenas na pedra sentado, só o mar a olhar.

                              Água podre que cheira.
                              Peixe morto que flutua.

          Ilha do Sol, Luz Del Fuego?  Sei não.  Tem é Ilha das Cobras, para aqueles lados onde vivia uma índia nua e enrolada por serpentes.  Paquetá?  Ah, o nome é porque tinha muita paca aqui.  Agora só lá no Brocoió.
          Tem índio sim.  Tá lá na Praia dos Tamoios.  Estátua e tudo. 

Sombras que Ficam.  Paquetá, Rio de Janeiro-RJ.  Foto T.Abritta, 2014.

          Pas Paquetá.  Je ne veux pas aller a Paquetá.
          Assim vaticinou Jeanne Vauchelles, francesinha com cinco anos de idade, há mais de duas décadas – preferia ir ao shopping, raridade da época em Paris.
          Eu não quero ir a Paquetá!

                              Água podre que cheira.
                              Peixe morto que flutua.
                              Peixe gordo que fatura.
Notas:
Fim de Semana em Paquetá.  Composição Braguinha / Alberto Ribeiro.

Dois Poetas e uma Ilha, por Alberto Ribeiro.

Chapéu de palha e calção
um caniço e um samburá...
Lá vou eu, de pé no chão,
Percorrendo Paquetá.

                                       Um pescador conta histórias,
                                       Velha rêde a remendar...
                                       Ouço o rodar das vitórias
                                       E a voz longínqua do mar...

Crianças junto das pontes...
Alguém ao longe a cantar.
E os versos de Hermes Fontes
Enfeitiçando o luar...

                                       “Paquetá é um céu profundo
                                       Que começa neste mundo
                                       Mas não sabe onde acabar...”

O farol de um pirilampo
Passa, azulado, no ar;
Segue o caminho do Campo,
Onde o Orestes foi morar.

                                       No Céu há luzes e, ao vê-las,
                                       Grupo boêmio, em coral,
                                       Espalha do Chão de Estrêlas
                                       A poesia imortal...

“Tu pisavas nos astros distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão...”

Obs.  Mantida a ortografia original.



domingo, 2 de novembro de 2014

Refugiados Ambientais

Com a destruição ambiental, várias espécies nativas brasileiras estão ameaçadas de extinção.  Na foto abaixo mostramos uma destas maravilhas, o Ipê-branco (tabebuia roseoalba), fotografado na Ilha de Paquetá no final de outubro de 2014.  Esta espécie é rara nesta região, sendo nativa do cerrado e pantanal brasileiro.  A floração acontece neste período de seca e dura semanas.  Com o ritmo de desmatamento tão acelerado no Brasil, em breve estes dois representantes desta espécie ganharão status de refugiados ambientais.




Ipê-branco (tabebuia roseoalba).  Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro-RJ.
Foto T.Abritta, 2014.