Botswana, Foto T.Abritta, 2008

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Maracanã: apenas uma foto restou

Maracanã: a beleza do anel arquitetônico não existe mais.
Foto T.Abritta, 2007

Em 1976, o ditador Ernesto Geisel ordenou a demolição do Palácio Monroe, no Rio de Janeiro, sob alegação de que prejudicava a visão do Monumento aos Mortos na Segunda Guerra Mundial. Assim foi pulverizada mais um pouco da memória nacional, dentro do princípio de que Cultura é inimiga do poder. Agora a “Nova Direita” brasileira repete o mesmo, achincalhando a Cultura brasileira com a nomeação da “irmã ministra” e demolindo o Maracanã, forte símbolo da Cultura do Povo, substituída pelo besteirol televisivo de programas de auditório, sempre com aplausos para a “presidenta”, longe de qualquer espírito crítico.
Esta é a “Nova Direita” brasileira, sempre corrupta, “reformando” por um custo estimado em um bilhão de reais um estádio que poderia ser construido por R$ 650 milhões.







quarta-feira, 20 de abril de 2011

Instantâneos imperdíveis

Em muitas situações temos que aproveitar as oportunidades e pensando na “velocidade da luz”, tirar a fotografia. São momentos únicos. Como exemplo a foto abaixo, obtida no Tibet durante uma visita ao Jokhang, um dos templos mais sagrados do budismo tibetano. Ver artigo “Um brasileiro na China”.



Montanhas e sacos de dinheiro “recolhidos” como bilhete para o Nirvana chinês. Foto T.Abritta, 2007.


Depois que consegui esta foto, em uma área reservada do Jokhang, foi dado um alarme e o palácio cercado por militares que revistavam todos na saída. Felizmente o horário de visitação dos turistas terminava às dezessete horas, quando entravam os peregrinos. Escondido no telhado observava tudo e acabei saindo na confusão formada pela multidão impedida de entrar e o protesto de centenas de turistas impedidos de sair, a sua maioria formada por arrogantes novos ricos chineses.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Chile de Neruda: Geografia Poética

Os anos 60 e 70 foram trágicos para a Democracia na América do Sul com governos legitimamente eleitos sendo substituídos por Ditaduras Militares. Em 12 de setembro de 1973 morre Salvador Allende, Presidente do Chile e com ele a esperança de mudanças. Poucos dias depois morria Pablo Neruda, o Poeta chileno que não só interpretou o seu povo e as belezas de seu país, como chegou à universalidade da poesia e das artes. Hoje felizmente o Chile volta ao cenário mundial com a consolidação da Democracia. A proposta deste ensaio é apresentar este Chile multicultural, exuberante, de uma natureza bela e assustadora e que de alguma maneira moldou o poeta Pablo Neruda, sendo uma saudação aos ventos que continuam soprando neste país, pelas imagens de seu povo, sua cultura e sua natureza que aparece nas poesias de Neruda com ares antropomórficos, de tão integrada aos homens. A natureza chilena, apesar de dura, sempre sorri para a vida nas aldeias e pequenas comunidades como Toconao, Socaire, Caspana e na infinita Patagônia e Terra do Fogo. Aqui apresentaremos algumas fotografias acompanhadas de inspiradores trechos de poesias de Pablo Neruda, mostrando não só um pouco da beleza do Chile, como da literatura de seu maior poeta, com traduções de Olga Savary.

Foto 1: Zeus - Puerto Willians - Terra do Fogo, Chile, 2006 - Captura Digital


Minha pátria chamou o marinheiro: Olhai-o na proa do século!


Se o tempo não quis mover-se nos velhos relógios cansados


ele faz do tempo uma nave e dirige este século ao oceano...


Foto 2: Moai - Ilha da Páscoa, Chile, 1999 Original em negativo colorido 35 mm


Chegamos muito longe,


muito longe para entender as órbitas de pedra,


os olhos extintos que continuam olhando,


os grandes rostos dispostos para a eternidade.


Foto 3: Moai - Ilha da Páscoa, Chile, 1999 Original em negativo colorido 35 mm


o olhar secreto da pedra,


o nariz triangular da ave ou da proa


e na estátua o prodígio de um retrato


- porque a solidão tem este rosto,


porque o espaço é esta retidão sem rincões,


e a distância é esta claridade do retângulo.


Foto 4: Pedras, Neve e Nuvens - Base Paraíso, Antarctica, 2006 Captura Digital


Alli termina todo


Y no termina:


Alli comienza todo:


Se despiden los ríos em el hielo,


el aire se há casado com la nieve,


No hay calles ni caballos


Y el único edificio


Lo construyó la piedra.



Companheiros, enterrem-me na Isla Negra,


defronte do mar que conheço, de cada área rugosa


de pedras e de ondas que meus olhos perdidos


não voltarão a ver.


...todas as chaves úmidas da terra marinha


conhecem cada estado de minha alegria,


sabem


que ali quero dormir entre as pálpebras


do mar e da terra...


Foto 5: Isla Negra, Chile, 2003 Original em negativo colorido 35 mm


Mineral e marinha é minha pátria como uma figura de proa,


talhada pelas duras mãos de deuses terríveis,


na Araucânia a selva não tem outro idioma que os trovões verdes,


o Norte lunário te oferece sua fronte de areia sedenta,


o Sul a coroa da fumaça nascendo das cicatrizes vulcânicas,


e a Patagônia caminha agachada no vento


até que as estepes da Terra do Fogo elevaram a última estrela


e ascendem com mãos imóveis o Pólo Sul no céu.


Foto 6: Cuernos del Paine - Patagonia, Chile, 2002 Original em cromo colorido 35 mm


Foto 7: Caminhantes - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 8: Pastora - Caspana - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 9: Lagoas de Altitude - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 10 Vale da Lua - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm