Botswana, Foto T.Abritta, 2008

sábado, 12 de novembro de 2011

RIO em 12 Quadros.

O Rio de Janeiro é uma das Cidades mais cantadas, pintadas e fotografadas do Mundo. Este interesse se deve à sua singularidade em reunir vários elementos “cênicos”, como montanhas, florestas, lagoas, praias, patrimônio histórico e arquitetura, aliados a uma luminosidade belíssima. Não esquecendo o calor de seu povo, cultura e festas populares. Mas, como toda megacidade, em particular dos países em desenvolvimento, temos que fazer sérias reflexões sobre nosso futuro.
Nesta pequena exposição mostramos que assim como sempre encontramos um novo ângulo para uma imagem fotográfica, certamente encontraremos soluções que preservem este fabuloso patrimônio: o Rio de Janeiro.

Teócrito Abritta


1 – Jardim Botânico, Foto T.Abritta – 2005.





2 – Vista de Santa Teresa, Foto T.Abritta – 2009.




3 – Rocinha, Foto T.Abritta – 2007.




4 – Casa, Estrada das Canoas, Foto T.Abritta – 2006.




5 – CIEP Leblon, Foto T.Abritta – 2007.



6 – Morro do Pavão, Foto T.Abritta – 2011.






7 – Arpoador, Foto T.Abritta – 2010.




8 – Copacabana, Foto T.Abritta – 2010.





9 – Entrada da Baía, Foto T.Abritta – 2005.




10 – Urca, Foto T.Abritta – 2004.




11 – Canal de Ipanema, Foto T.Abritta – 2005.






12 – Bondinho de Santa Teresa, Foto T.Abritta – 2007.



sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Paixão de Ler e Exposição Fotos

CAMPANHA PAIXÃO DE LER DA PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO E A EDITORA UAPÊ CONVIDAM PARA RODA DE LEITURA DE CRÔNICAS

CASA DE BOTAFOGO, RUA MARTINS FERREIRA, 40
Tel. (21) 2493-9175

DIA 7 DE NOVEMBRO DE 2011 – SEGUNDA-FEIRA, ÀS 18 HORAS

Coordenação: LEDA MIRANDA HÜHNE

PROGRAMAÇÃO:

FERREIRA GULLAR (Coleção Melhores Crônicas)
- Sapatos novos - pag. 36
- Hotel Avenida - pag. 215
- Reforma agrária - pag. 219

MÁRCIO CATUNDA (Emoção Atlântica)
- Conjeturas sobre o mar de Ipanema - pag. 36
- De Laranjeiras ao Largo do Machado - pag. 26
- Noturno do Rio de Janeiro - pag. 93

LÉA MADUREIRA LIMA
- Onde me levam as sandálias
- O tempo e a queda. No Largo do Boticário
- Zapata vive

AUGUSTO SÉRGIO BASTOS
- No tempo em que os animais falavam
- O maior poeta brasileiro
- O presente de Natal

TEÓCRITO ABRITTA
- Exposição de Fotos: “RIO em 12 QUADROS”

PENA DA NATUREZA

Das aves
Além das aves que se criam em casa: galinhas, patos, pombos e perus, há no Brasil muitas galinhas bravas pelos matos, patos nas lagoas, pombas bravas e umas aves chamadas jacus, que na feição e grandeza são quase como perus.
Há perdizes e rolas, mas as perdizes têm alguma diferença das de Portugal.
Há águias de sertão, que criam nos montes altos, e emas tão grandes corno as de África, umas brancas e outras malhadas de negro que, sem voarem do chão, com uma asa levantada ao alto ao modo de vela latina, correm com o vento como caravelas, e contudo; as tomam os índios a cosso nas campinas.
Há muitas garças ao longo do mar, e outras aves chamadas guarás, que
quando empenam são brancas, e depois pardas, e finalmente vermelhas como grã.
Há papagaios verdes de cinco ou seis espécies, uns maiores, outros menores, que todos falam o que lhes ensinam. Há também araras e canindés de bico revolto como papagaios, mas são maiores e de mais formosas penas.
Há uns passarinhos que, para que as cobras lhes não entrem nos ninhos a comer-lhes os ovos e filhinhos, os fazem pendurados nos ramos das árvores de quatro ou cinco palmos de comprido, com o caminho mui intrincado, e compostos de tantos pauzinhos secos que se pode com eles cozer uma panela de carne.
Há outros chamados tapeis, do tamanho de melros, todos negros, e as asas amarelas, que remedam no canto todos os outros pássaros perfeitissimamente, os quais fazem seus ninhos em uns sacos tecidos.

Frei Vicente do Salvador (1620)

PENA DA NATUREZA: sobreviverão ao futuro próximo?





Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.



Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.




Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.






Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.






Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.







Foto T. Abritta, Fazenda Barra Grande-MS, 2008.




E o ninho dos “Casaca de Couro”, tão eficientes na proteção contra os predadores naturais, resistirão aos criminosos ambientais da “Nova Direita Brasileira”?



Ninho do Casaca de Couro. Foto T.Abritta – Sítio do Bravo, PB, 2011.




terça-feira, 1 de novembro de 2011

A FRAGILIDADE DA VIDA


As fotos abaixo (T.Abritta, 2008) mostram o ciclo de vida dos Talha-mares (Rynchops niger) nas margens do Rio Negro no Pantanal de Mato Grosso do Sul, chocando os seus ovos e defendendo as suas frágeis crias de predadores naturais.
É justo que estes maravilhosos animais acabem virando cocares para que pessoas usando bermudas de grife, celulares, smartphones e vistosos relógios se apresentando como índios? Ou que um ex-presidente da República e o atual façam apologia de tais crimes?
















































LER MAIS EM:




“OS LIMITES DO POLITICAMENTE CORRETO”

“DILMA INCENTIVA CRIMES AMBIENTAIS”

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Metáforas: a Vida e o Firmamento

O CÃO

Mauro Mota (*)

É um cão negro. É talvez o próprio Cão
assombrado e fazendo assombração.
Estraçalha o silêncio com seus uivos.
A espada ígnea do olhar na escuridão

separa a noite, abre um canal no escuro.
Cão da Constelação do Grande Cão,
tombado no quintal, espreita o pulo:
duendes, fantasmas de ladrão no muro.

O latido ancestral liberta a fome
de tempo, e o cão, presa do faro, come
o medo e a treva. Agita-se, devora

sua ração de cor.
Pois, louco e uivante,
lambe os pontos cardeais, morde o levante
e bebe o sangue matinal da aurora.

Aqui, Mauro Mota faz uma metáfora com a Constelação do Cão Maior e seu vagar noturno, surgindo no leste do horizonte matinal, tal um renascer e “morrendo” a oeste no entardecer. O céu descrito neste poema, pode ser visto na região de Recife, terra do poeta, entre o final de junho e início de julho, quando esta constelação surge por volta das cinco horas da madrugada e se põe entre cinco e seis horas da tarde, portanto, de acordo com a imagística do poema.

Nesta constelação está a estrela mais brilhante de todos os céus, Sírius, conhecida pelos antigos egípcios como Sótis, o astro que após longo desaparecimento surge brilhante no horizonte do Nilo, marcando o início do ano para este povo.
Para os antigos gregos, Cão Maior representa um dos cães que seguiam Órion, O Caçador.

(*) 2011, ano do centenário de nascimento de Mauro Mota.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Soneto Fotográfico



“Numa portinha escondida, cortando verdadeira muralha, acabo descobrindo uma padaria. Sento-me na única janela que, através da grossa alvenaria, mostra a rua molhada. Tomar café olhando a chuva é ato de simplicidade. Mas não sei por que, especial. Ainda mais diante de uma casa com detalhes verdes, diferentes tons e um carro verde compondo o cenário (ver Figura 1). O carro está ali por ser verde? Pode ser. Verde é a clorofila, verde é a cor da máxima intensidade na emissão solar. Verde é a luz de nossa maior percepção óptica.”

Figura 1 – Tese. Foto T. Abritta, 2011.

“Dali, projetada como numa tela mágica, toda a pequena Tiradentes. Vejo igrejas, escuto rezarias, repicar de sinos. No telhado, um gato verde, olhar triangular, repousa no beiral. Gato verde? Parece que sim. Mas uma mulher verde e nua andando pela calçada trouxe-me à realidade. Só pode ser sonho. Mulher verde ainda seria possível. Nua não. Em Minas teria de ser muié pelada. Como saber se não sonho de dia e vivo à noite? Não devo me preocupar tanto assim. Tiradentes, com esta santaria toda, deveras deixa qualquer um protegido. Melhor soltar os pensamentos que vão atrás do corregozinho das águas de chuva e dobram na esquina do tempo.”

De “Leilão Mineiro”, conto a ser publicado em breve no livro “Cidades de Memórias”.




Na fotografia acima, o “verde” é que destaca a imagem, chamando nossa atenção com a monotonia das cores. No texto, o “verde” sinaliza e dá ritmo à mudança de estado de espírito do personagem.
Mas tanto na Literatura, quanto na Fotografia, nem sempre isto é verdade. Palavras repetidas “travam” a escrita e nas imagens coloridas sempre procuramos é a riqueza cromática – a conservadora antítese (ver Figura 2).
No final, a síntese: fusão de volumes em preto-branco!
Figura 2 – Antítese. Foto T. Abritta, 2008.

Figura 3 – Síntese. Foto T. Abritta, 2006.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bondinhos de Santa Teresa: Memória Fotográfica

Não vamos deixar que os bondinhos de Santa Teresa tenham o triste fim do Palácio do Monroe ou do outrora famoso Maracanã.

Foto T.Abritta. Santa Teresa – Rio de Janeiro, 2007.



Foto T.Abritta. Santa Teresa – Rio de Janeiro, 2007.



Foto T.Abritta. Santa Teresa – Rio de Janeiro, 2005.



Foto T.Abritta. Santa Teresa – Rio de Janeiro, 2006.

domingo, 14 de agosto de 2011

Palavras Atuais

“Quem adora a idólatra,
adorará os seus ídolos.”

Padre Antonio Vieira.



O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz.

Política Literária, Carlos Drummond de Andrade.



“Houve grande prejuízo
No inferno, nesse dia;
Queimou-se todo o dinheiro
Que Satanás possuía.
Queimou-se o livro de ponto
E mais de seiscentos contos
Somente em mercadoria.”

A Chegada de Lampião no Inferno, José Pacheco.



“Um de nós não bebe mais a água da Lagoa Amarela.”

Palavras de um posseiro nordestino, registradas em 1962
pelo jornal Binômio, depois da matar o seu opressor.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Uma Cidade Reencontrada


“Encantamentos do Desconhecido
Oh, Senhor, ilumina esta pobre alma que mares atravessou, campos e terras viajou, tentando entender um pouco desta magnífica obra Divina que deixastes aos nossos cuidados para minorar sofrimentos e alegrar as vidas humanas com tantas descobertas. Alguns preferem fechar os olhos, simplesmente negando acreditar que mundos não mencionados na Bíblia possam ser habitados por povos com alma, cordeiros como nós deste imenso rebanho do Povo de Deus.
Deitado na proa desta nau observo o infinito firmamento estrelado. Fico a pensar se não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, com estas bordas desconhecidas, a bela Cruz a nos guiar, sempre apontando o contrário polo da agulha flutuante, para deleite dos homens? Não seria a vida monótona sem o desconhecido a revelar-se? O inflar e desinflar do velame, o ranger dos mastros, o uivar dos ventos sinalizam a certeza de meus pensamentos.
Partimos ao entardecer do porto da Parayba do Norte. Agora a noite cai pesada. Terei muito tempo para refletir sobre o que vi, sobre o que aprendi nestas terras. Daqui até Lisboa, dias e dias com apenas céu e mar, noite e dia. Noite escura, noite estrelada. Tempestade, calmaria.
Como não seriam humanos, como não teriam almas, aqueles que se emocionam com o despertar da vida, sofrem com as perdas da morte, oram pelas almas dos antepassados e derretem lágrimas afetuosas?
Acredito que a exuberância deste mundo desconhecido, plantas, terras, águas, animais, almas e estrelas, seja um desafio de Deus para testar a sabedoria e a bondade humana, presenteando-nos com tantas maravilhas.
Ao fogo dos infernos os indignos desta dádiva Divina! Afinal, uma só natureza nos foi dada. Não criou Deus os naturais diversos, e de um só Adão formou os homens?
Cônego Brandão Lopes, 1723”

Assim que cheguei, reli mais uma vez este manuscrito e guardei-o bem protegido em um envelope. Não quis pensar mais sobre sua autenticidade. Afinal, documentava o reencontro com esta cidade que já acreditava perdida para sempre.
De agora em diante prefiro não retornar mais a lugares que tanto me agradaram e impressionaram. Que fiquem na memória e nas fotografias.
Há muitos anos não visitava Salvador. Hoje, ando por suas ruas procurando o que praticamente não existe mais: a verdadeira Cultura do Povo, substituída pela chamada “Cultura Popular” moldada pelos meios de comunicação a serviço de políticos sempre desonestos, sempre arrebanhando o voto fácil, forjado na enganação, ignorância, exploração da fé. Os pilares da corrupção.
Entristeço-me percorrendo corredores do agora luxuoso hotel no outrora convento. Arrancaram a alma, expulsaram a tradição. Apenas paredes sem emoção ou História. Chamam de parceria público-privada este massacre cultural. Como condescendência à minha tristeza, ainda chego a ver, sentado junto à janela – olhar triste, rosto macilento, batina surrada – aquele velho monge que conhecera no passado.



Convento do Carmo, Salvador. Foto T.Abritta, 2008.

Na noite escura vou descendo a Ladeira do Carmo. Desesperanças nesta última noite em uma cidade que não reconheço mais. Acabo em um beco lateral. Da sebenta cortina de veludo no fundo da lojinha, abriu-se uma fresta, surgindo já conhecido rosto, apenas bem mais velho, que falou: “como o senhor parece ser de rara sensibilidade e cultura, ofereço este manuscrito ao qual certamente dará o merecido valor.”
Pouco antes do Largo do Pelourinho, fui atraído por bela fachada de um casarão todo restaurado. Misteriosa voz, de sotaque italiano, conduziu-me a pequena mesa nos fundos do restaurante que parecia flutuar nos céus.
Acenderam as velas que iluminaram a Salvador perdida: velhos telhados, sons familiares, o esplendor da Baia de Todos os Santos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Égloga Sertaneja

Dilze? Dilze? Onde está o meu facão?
Dilze? Dilze? Onde está o meu velho punhal Caroca?
Hoje vai ter servidão nesta biboca.

Café brejeiro, feijão verde, jerimum do sertão.
Galinha capoeira, bode mamão.
Cacto facheiro, xique-xique, coroa de frade.
Esta, a visão.

Inverno-verão, chuva-secura.
Inverno-inferno – esta, a estação.

Minha casa, minha vida (a deles).
Só dissimulação, muito dinheiro pra desconstrução.

A filha da prefeita é vereadora. O filho deputado.
O marido prefeito ao lado. Tem irmão senador de estado.

Sertão-servidão-ladrão.
Dilze? Dilze? Onde está o meu facão?
Pra correr sangue neste chão.
Libertar o Sertão desta servidão!

Nota:
Caroca: Antigo e tradicional fabricante de punhais, que existia em Campina Grande, Paraíba

quinta-feira, 9 de junho de 2011

José Lins do Rego e a Preservação Ambiental

No dia três de junho de 2011, foi comemorado o centésimo décimo ano de nascimento de José Lins do Rego, que a par de um grande escritor, foi um dos precursores do conservadorismo ambiental.
No romance “Menino de Engenho”, José Paulino – avô do Menino de Engenho – gostava de percorrer a sua propriedade, de andá-la canto por canto, olhar as suas nascentes... “Eram assim as viagens do meu avô, quando ele saía a correr todas as suas grotas, revendo os pés de pau de seu engenho. Ninguém lhe tocava num capão de mato, que era o mesmo que arrancar um pedaço de seu corpo... que não lhe bulissem nas matas. Os seus paus-d’arco, as suas perobas, os seus corações-de-negro cresciam indiferentes ao machado e às serras. Uma vez, numa das nossas viagens, vi-o furioso como nunca. Entrávamos por uma picada na mata grande e ouvíamos um ruído de machado...”
Infelizmente, hoje a depredação ambiental é promovida pelo governo brasileiro, matando humildes homens do campo que resistem ao seu poder de domínio e busca do voto fácil.
Urge lutarmos contra estas excrescências, inspirando-nos em singelos exemplos, como as preocupações de José Paulino, personagem de José Lins do Rego,.com o meio ambiente em suas terras.

Engenho Corredor: a infância de José Lins do Rego.
Foto T.Abritta, Pilar-Paraíba, junho de 2011.
Engenho Corredor: detalhe. Foto T.Abritta, junho de 2011 Engenho Corredor: interior. Foto T.Abritta, junho de 2011.



Ler mais em “Meio Ambiente e Literatura”

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um “Rosário” de Violências

Ditaduras transvestidas de Democracias, como agora no Brasil – governado por Sarney, Lula e seu fantoche Dilma –, investem tanto em propaganda para a enganação da boa fé popular ao ponto de criarem uma secretaria com status de ministério como a Secretaria de Direitos Humanos. A atual ocupante deste cargo, ministra Maria do Rosário, parece que tem como função apenas manter aparências, já que diante de um rosário de violências sempre fica calada.
Agora quando resolveu abrir a boca, foi justamente para dizer que não tem recursos para proteger centenas de humildes trabalhadores ameaçados pelos criminosos ambientais e outros membros da “Nova Direita” de Lula-Sarney e sua marionete Dilma.
Caso a ministra considere vidas humanas mais importantes do que seu carguinho público, não seria melhor a extinção de sua secretaria e usar suas verbas para salvar pessoas ameaçadas de assassinato?
Como estímulo vai abaixo um velho poema que trata desta velha chaga brasileira:

Comendo Chapéu
Carlos Drummond de Andrade

JAMES MITCHELL, ministro do Trabalho
Em Washington, D.C., e homem sério,
notou o contra-senso:
para o trabalho havia um Ministério
com toda cibernética montagem;
para trabalhadores, não havia
trabalho.

Ora, Mitchell sentiu-se no dever
de dar emprego a quem não tinha mas queria
trabalho.
E garantiu que, vindo outubro, com ele vinha
trabalho tanto e em tal variedade
que seria trabalhoso e mesmo vão
evitar
trabalho.

E tão seguro estava do milagre
que prometeu de pedra e cal
comer de aba e copa o seu chapéu
(dele Mitchell, ministro do Trabalho)
se algum trabalhador ficasse ao léu.

Eis que outubro apontou, e bem contadas
as filas de chômeurs, verificou-se
que 3.200.000 pessoas
estavam sem trabalho
(40.000 a mais do que em setembro).

Mitchell não teve dúvida em cumprir
o seu enchapelado compromisso,
mas como tudo é chapéu, e o caso omisso,
mandou fazer
um de chocolate e nozes e comeu-o
no hall do Ministério do Trabalho,
com o quê, teve bastante
trabalho
mastigatório.

No Brasil, se os governantes resolvessem
comer chapéu ao falhar uma promessa
– de carne, de feijão, de água à beça
e outras metas maiores e menores –
todos os brasileiros passariam
a ter trabalho, e muito,
no ramo confeiteiro,
mas não havia chocolate que chegasse
e nem tampouco nozes
para chapéu de bolo no ano inteiro.

15-11-1959

terça-feira, 3 de maio de 2011

Assassinos da Natureza

Farsas das mudanças do Código Florestal

O novo texto da reforma do Código Florestal, apresentado pelo relator do projeto, o deputado Aldo Rebelo (PCdo B-SP), é uma farsa, na opinião do pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Ele diz que o o texto finge que fez algumas concessões, mas está cheio de armadilhas que liberam quase tudo.
- Anistia todo desmatamento até 2008. Faz isso no inciso III do art. 3 ao inventar a “área rural consolidada”. Com esse tipo de anistia, quem vai respeitar qualquer lei florestal no futuro? - pergunta o pesquisador.
Além disso, segundo Barreto, cria brecha para desmatamentos de Área de Proteção Permanente (APP):
- Finge que manteve a APP de 30 metros em torno de rios com até 10 metros, mas autoriza o seu desmatamento. Para tanto, define a produção de alimentos como de interesse social e depois diz que pode desmatar APP em caso de interesse social - afirma.
O pesquisador ainda critica o texto, dizendo que ele autoriza a supressão de manguezais em áreas urbanas, "supostamente para ajudar os pobres", além da criação de gado em reserva legal.

Na prática as mudanças previstas para o Código Florestal ameaçam 43 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente (APP) e 42 milhões de hectares em Reservas Legais (RL) que foram desmatadas ilegalmente bem como prenunciam novas tragédias ambientais com o avanço sobre matas ciliares.




Destruição da Mata Atlântica dentro do princípio de que na miséria anda a política.
Nogueira, Petrópolis – RJ. Foto T.Abritta, 2011


PS. Lembramos que a turma da "Nova Direita" Lula-Sarney e sua marionete Dilma fingem divergir, mas estão sempre contra o Brasil. Por exemplo, votaram pela depredação ambiental os deputados do Rio de Janeiro: Anthony Garotinho (PR), Jandira Feghali (PCdoB), Jair Bolsonaro (PP), Stepan Nercessian (PPS), Rodrigo Maia (DEM), Andreia Zito (PSDB) e Eduardo Cunha (PMDB).

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Maracanã: apenas uma foto restou

Maracanã: a beleza do anel arquitetônico não existe mais.
Foto T.Abritta, 2007

Em 1976, o ditador Ernesto Geisel ordenou a demolição do Palácio Monroe, no Rio de Janeiro, sob alegação de que prejudicava a visão do Monumento aos Mortos na Segunda Guerra Mundial. Assim foi pulverizada mais um pouco da memória nacional, dentro do princípio de que Cultura é inimiga do poder. Agora a “Nova Direita” brasileira repete o mesmo, achincalhando a Cultura brasileira com a nomeação da “irmã ministra” e demolindo o Maracanã, forte símbolo da Cultura do Povo, substituída pelo besteirol televisivo de programas de auditório, sempre com aplausos para a “presidenta”, longe de qualquer espírito crítico.
Esta é a “Nova Direita” brasileira, sempre corrupta, “reformando” por um custo estimado em um bilhão de reais um estádio que poderia ser construido por R$ 650 milhões.







quarta-feira, 20 de abril de 2011

Instantâneos imperdíveis

Em muitas situações temos que aproveitar as oportunidades e pensando na “velocidade da luz”, tirar a fotografia. São momentos únicos. Como exemplo a foto abaixo, obtida no Tibet durante uma visita ao Jokhang, um dos templos mais sagrados do budismo tibetano. Ver artigo “Um brasileiro na China”.



Montanhas e sacos de dinheiro “recolhidos” como bilhete para o Nirvana chinês. Foto T.Abritta, 2007.


Depois que consegui esta foto, em uma área reservada do Jokhang, foi dado um alarme e o palácio cercado por militares que revistavam todos na saída. Felizmente o horário de visitação dos turistas terminava às dezessete horas, quando entravam os peregrinos. Escondido no telhado observava tudo e acabei saindo na confusão formada pela multidão impedida de entrar e o protesto de centenas de turistas impedidos de sair, a sua maioria formada por arrogantes novos ricos chineses.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Chile de Neruda: Geografia Poética

Os anos 60 e 70 foram trágicos para a Democracia na América do Sul com governos legitimamente eleitos sendo substituídos por Ditaduras Militares. Em 12 de setembro de 1973 morre Salvador Allende, Presidente do Chile e com ele a esperança de mudanças. Poucos dias depois morria Pablo Neruda, o Poeta chileno que não só interpretou o seu povo e as belezas de seu país, como chegou à universalidade da poesia e das artes. Hoje felizmente o Chile volta ao cenário mundial com a consolidação da Democracia. A proposta deste ensaio é apresentar este Chile multicultural, exuberante, de uma natureza bela e assustadora e que de alguma maneira moldou o poeta Pablo Neruda, sendo uma saudação aos ventos que continuam soprando neste país, pelas imagens de seu povo, sua cultura e sua natureza que aparece nas poesias de Neruda com ares antropomórficos, de tão integrada aos homens. A natureza chilena, apesar de dura, sempre sorri para a vida nas aldeias e pequenas comunidades como Toconao, Socaire, Caspana e na infinita Patagônia e Terra do Fogo. Aqui apresentaremos algumas fotografias acompanhadas de inspiradores trechos de poesias de Pablo Neruda, mostrando não só um pouco da beleza do Chile, como da literatura de seu maior poeta, com traduções de Olga Savary.

Foto 1: Zeus - Puerto Willians - Terra do Fogo, Chile, 2006 - Captura Digital


Minha pátria chamou o marinheiro: Olhai-o na proa do século!


Se o tempo não quis mover-se nos velhos relógios cansados


ele faz do tempo uma nave e dirige este século ao oceano...


Foto 2: Moai - Ilha da Páscoa, Chile, 1999 Original em negativo colorido 35 mm


Chegamos muito longe,


muito longe para entender as órbitas de pedra,


os olhos extintos que continuam olhando,


os grandes rostos dispostos para a eternidade.


Foto 3: Moai - Ilha da Páscoa, Chile, 1999 Original em negativo colorido 35 mm


o olhar secreto da pedra,


o nariz triangular da ave ou da proa


e na estátua o prodígio de um retrato


- porque a solidão tem este rosto,


porque o espaço é esta retidão sem rincões,


e a distância é esta claridade do retângulo.


Foto 4: Pedras, Neve e Nuvens - Base Paraíso, Antarctica, 2006 Captura Digital


Alli termina todo


Y no termina:


Alli comienza todo:


Se despiden los ríos em el hielo,


el aire se há casado com la nieve,


No hay calles ni caballos


Y el único edificio


Lo construyó la piedra.



Companheiros, enterrem-me na Isla Negra,


defronte do mar que conheço, de cada área rugosa


de pedras e de ondas que meus olhos perdidos


não voltarão a ver.


...todas as chaves úmidas da terra marinha


conhecem cada estado de minha alegria,


sabem


que ali quero dormir entre as pálpebras


do mar e da terra...


Foto 5: Isla Negra, Chile, 2003 Original em negativo colorido 35 mm


Mineral e marinha é minha pátria como uma figura de proa,


talhada pelas duras mãos de deuses terríveis,


na Araucânia a selva não tem outro idioma que os trovões verdes,


o Norte lunário te oferece sua fronte de areia sedenta,


o Sul a coroa da fumaça nascendo das cicatrizes vulcânicas,


e a Patagônia caminha agachada no vento


até que as estepes da Terra do Fogo elevaram a última estrela


e ascendem com mãos imóveis o Pólo Sul no céu.


Foto 6: Cuernos del Paine - Patagonia, Chile, 2002 Original em cromo colorido 35 mm


Foto 7: Caminhantes - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 8: Pastora - Caspana - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 9: Lagoas de Altitude - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm



Foto 10 Vale da Lua - Deserto de Atacama, Chile, 2000 Original em cromo colorido 35 mm

sexta-feira, 25 de março de 2011

Lançamento Antologia Testemunho VI

A Oficina do Livro e Teócrito Abritta convidam para o lançamento da Antologia Testemunho VI em prosa e verso.
Dia: 8 de abril, a partir de 19 h.
Local: Rua Paulo Barreto nº 98, casa 28 – Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.


Foto T.Abritta-2010

quinta-feira, 24 de março de 2011

Carrascos da Natureza

O Corrupião

Augusto dos Anjos

Escaveirado corrupião idiota,
Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo,
E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo,
Que do fundo do chão todo ano brota!

Mas a ânsia de alto voar, de à antiga rota
Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo,
Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo
A gargalhada da ultima derrota!

A gaiola aboliu sua vontade.
Tu nunca mais verás a liberdade!...
Ah! Tu somente ainda és igual a mim.

Continua a comer teu milho alpiste.
Foi este mundo que me fez tão triste,
Foi a gaiola que te pôs assim!


Papagaios cativos no banheiro de um sórdido bar.
Santa Cruz de Cabrália, Porto Seguro, BA. Foto T. Abritta, 2009

Ler mais:
“Os Limites do Politicamente Correto.