Nestes
estranhos tempos, onde a burrice e a ignorância tentam se impor contra a
Ciência, Cultura, Artes e Progresso Social; nestes sombrios tempos onde falam, sem
nenhum constrangimento, na Terra Plana, no Criacionismo, Horóscopo e por aí vamos
como sendo as novas Verdades Inquestionáveis. Que tal nos salvarmos desta maré
negra, onde aquecimento global, igualdade racial, redistribuição de renda etc.,
viraram “coisas de comunistas”?
Fico
impressionado como tantos simplesmente não são capazes de entender mais do que
meia dúzia de palavras e tampouco formular uma ideia. Apenas atacam o que não gostam, dentro dos
princípios pétreos de suas “seitas”, com grosserias ou palavras ininteligíveis. Se o comentarista é um letrado, identificam-no
logo como um subversivo que não deve ser tolerado e sim desqualificado com
qualquer besteirol.
Mas
o mínimo que podemos fazer é prestigiar os livros, a leitura e a escrita. Neste sentido lembrei-me de duas publicações
que muito impressionaram minha geração.
O
primeiro, 1984, do autor inglês
George Orwell, lançado em 1949, descreve os horrores de um totalitarismo
radical, onde todos são vigiados por uma teletela,
presente em todos lugares pelo hipotético governante chamado de Grande
Irmão. Os ministérios têm nomes
estranhos, como Ministério da Verdade,
da Paz e da Liberdade. O lema do segundo
ministério é Guerra é Paz e do último,
Liberdade é Escravidão. Outra prática deste regime é a Novilingua, onde palavras são reduzidas
ao mínimo e substituídas por ideias reduzidas a um termo, como, por exemplo, crimideia que significa que o indivíduo tem
que se auto reprimir de qualquer traço de especulação ou questionamento. Orwell previu em 1949, depois dos horrores da
segunda guerra mundial, que isto aconteceria em 1984. Mas com grande atraso vemos chegar traços
desta sociedade ao nosso Brasil do séc. XXI.
Não
tolerar qualquer crítica e desqualificá-la como comunista, não seria uma crimideia? E a reforma ministerial para 2019, com o
desmerecimento de Ministérios importantes como Meio Ambiente e
Cultura? Não seria um começo para a
criação do Ministério da Verdade?
O
segundo livro que me lembrei foi Um Cântico
para Leibowitz, escrito em 1959 pelo americano Walter M. Miller, Jr. Neste livro é descrita a humanidade no Séc.
XXX após uma guerra nuclear que praticamente acabou com qualquer vestígio de civilização.
Explosão Nuclear
Os
poucos sobreviventes passaram a perseguir cientistas e qualquer pessoa com um
mínimo de cultura, considerando-os culpados pela tecnologia nuclear que acabou
com a Humanidade. Livros e qualquer obra
elaborada pelo homem eram sistematicamente destruídos.
Escondidos
em mosteiros, foram ressuscitados os monges copistas que reproduziam, mesmo sem
saber o significado, qualquer fragmento de documentos e até desenhavam plantas
de circuitos elétricos que encontravam.
O
desprestígio de qualquer tipo de conhecimento, incêndios em museus e a retórica
contra qualquer pessoa considerada intelectual não mostra uma volta para a
Idade Média?
Apavorante,
não, caro leitor? Mas, foi o mínimo que
consegui escrever nesta triste tarde chuvosa...
Perdoem-me
pelo catastrofismo, lembrando que ontem, pelo calendário Maia, foi o Dia
do Perdão e do Pecado!
Rio, 7 de dezembro de 2018
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