Botswana, Foto T.Abritta, 2008

domingo, 31 de julho de 2016

Jangadas



Jangadas, Praia de Imbassaí, Bahia.  Fotos T.Abritta, 2000.

A noite chegava.  Como um felino acuado, enxergava na escuridão as imagens daqueles restos de jangadas de troncos de Apeíba, o Pau-de-Jangada, nas praias baianas de Imbassaí.  Deitadas no banco de areia entre a barra do rio e o azul do mar, teimavam em não virar pó.  Hoje são construídas de compensado naval e recheadas de isopor.  E as velas latinas de algodãozinho, a língua branca dos indígenas, a asa branca dos poetas?  Agora coloridas com estampas: Banco do Brasil, Caixa Econômica...
  Mas minha obra era apenas fotografias.  Duplos em papel, de frágeis, perecíveis realidades.  Imagens guardadas em cristais de prata e gelatinas de corantes que degradariam com o tempo, deixando a cor dissipar.  O brilho congelado de mundos em extinção...

Do conto O Fotógrafo e o Jangadeiro,



Nenhum comentário:

Postar um comentário