Botswana, Foto T.Abritta, 2008

domingo, 10 de maio de 2015

O Dia das Mães de Vera Lúcia


          ...foi assim: a família, mãe, filho, filha, tios, tias, irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, primos, primas – todos reunidos, a festejar, naquele conjunto de residências construído no enorme terreno adquirido por seu pai há tantos anos, com tanto sacrifício, trabalhando como pedreiro. 
          Um bairro pacato, familiar de Nova Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro. 
          Alguns já iam para o portão conversar com os vizinhos.  Jovens formavam grupinhos, conversando nas esquinas. 
          Hoje domingo, amanhã segunda – dia de acordar cedo, dia de trabalho.
          A Paz interrompida por medonhos estampidos.  O ronco da moto.            Gritos de horror: mataram o Tales!
          Vera enlouqueceu.  Dezessete anos criando com dificuldades o jovem Tales, doze anos a sua menina.
          Seu grande mérito era ser “uma mãe dedicada”.
          Há pouco tempo, o grande sonho de Tales foi materializado: vestir-se socialmente e frequentar a Igreja Evangélica. 
          Ganhou um terno, camisa, sapatos, meias e gravata. 
          Mas a criminalidade migrou para esta área.  Hoje território ocupado.            Jovens são convocados para servir ao mundo do crime oficializado.  

          Amanhã Vera não virá trabalhar.  Estará velando Tales, ensanguentado, estendido na calçada, até o amanhecer.  Em lugar de pobre é assim.  A perícia não trabalha de noite. 

          Fico aqui pensando, enquanto leio “A Tabela do Campeonato Brasileiro 2015”, que enviaria para Tales.


          Quando os reais responsáveis por toda esta violência, como o governador do Rio de Janeiro, vulgo Pezão, e seu “estado maior”, serão criminalmente responsabilizados e severamente punidos?


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