Botswana, Foto T.Abritta, 2008

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Metáfora da Cor

O pavão vermelho

Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.

Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.

É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.

Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora

Sosígenes Marinho da Costa (1901 - 1968), poeta e cronista baiano.



Este soneto é uma ode à alegria expressa através de um brilho cromático: o pavão vermelho representa o sol que nos ilumina com suas cores “estridentes” e “sonoras”. Belas metáforas em que o poeta pensa por imagens.
No fundo, quando nos encantamos e fotografamos detalhes coloridos, obtendo imagens quase abstratas, estamos metaforicamente registrando emoções, tal este poeta com suas palavras.
Na Figura 1, um simples muro de concreto colorido pela profusão de fungos mostra o triunfo da Natureza contra as áridas intervenções humanas. As cores dão a sensação de eternidade das belezas naturais, a par de toda destruição da dita civilização. Podemos dizer que a Natureza acaba nos colonizando.
Na Figura 2, a fotografia expressa uma harmonia através das cores. Um pouco de ordem e racionalidade. A simplicidade em oposição à violência do mundo moderno.
E a fotografia Verdekiwi? Será o brilho das cores, uma metáfora para o sorriso dos olhos?


Figura -1. Cores da Colonização. Foto T. Abritta 2010

Figura -2. Cores da Harmonia. Foto T. Abritta 2010

Figura -3. Verdekiwi. Foto T. Abritta 2010

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