Publicado no Montbläat em novembro de 2007.
A
Cidade do Rio
de Janeiro cada
vez mais
desponta como uma das capitais da fotografia . Nestes dias
foram abertas três
novas exposições :
no Museu Histórico
Nacional , no Arquivo
Nacional e no Centro
Cultural da Caixa Econômica
Federal .
A primeira exposição
– Flashes da Guerra :
Registros Pioneiros
da Campanha do Paraguai (1864-1870)
– apresenta setenta imagens registradas
no decorrer deste conflito. A imagem mais interessante é a foto
do imperador Pedro II em trajes militares (sem
nenhuma alusão ao marketing infantil
do Ministro da Defesa
Nelson Jobim, com imitações
do então Presidente
Collor em suas
brincadeiras de soldadinho). A segunda
mostra – Rio 1908: A Cidade de Portas Abertas
– lembra, através de cento e quatorze imagens , entre fotos e desenhos
arquitetônicos, o Rio de Janeiro de Pereira Passos, bem como a Exposição
Internacional de 1908. A terceira
exposição – Magnum
60 anos – apresenta cinquenta fotografias desta agência
fundada por Cartier-Bresson, Robert Capa e outros , em 1947.
O
Instituto Moreira Salles, que já está apresentando
uma exposição com
quase duzentas fotos de Buenos Aires, homenageando
Horacio Coppola, por ocasião de seu centenário , já
anuncia para 23 de novembro
próximo duas novas
apresentações : Luz Interior , que mostrará o sertão nordestino pelas lentes do francês Patrick Bogner e Encontros na madrugada ,
onde a violência urbana
será mostrada pela ótica de Anna Kahn.
Bogner
usa em muitas de suas
imagens uma técnica
artesanal com
pigmentos de carbono ,
resultando em cenas
de intenso cromatismo, onde
são documentadas a vida
nordestina, suas habitações
e objetos de uso
cotidiano .
A
segunda exposição
no Instituto Moreira Salles será uma série de fotografias
que a carioca
Anna Kahn fez de locais onde ocorreram mortes
provocadas por balas
perdidas. O seu
trabalho fotográfico
foi precedido por um
levantamento dos ambientes e dos casos envolvendo vítimas
fatais em
lugares públicos .
Em
seguida registrou esses
locais na solidão
da noite , tendo como
cenário o Rio
de Janeiro . No texto
de apresentação da mostra ,
intitulado Uma triste
poesia , Zuenir Ventura
analisa os aspectos por
trás da obra
da artista : "O que
mais impressiona na obra
de Anna Kahn é que ela
consegue fotografar justamente
o que não
pode ser fotografado – a ausência ,
o vazio , o silêncio
que quase
se ouve e se vê . A desolação ". Anna Kahn formou-se em
jornalismo pela
PUC-RJ e, em seguida ,
estudou fotografia na School of Visual
Arts, em Nova
York. Em 1998, como
fotógrafa voluntária ,
acompanhou a organização Médicos Sem Fronteiras . Na Europa colaborou para
revistas e jornais
brasileiros e, em
1992, foi premiada como Melhor Fotógrafa
pela Comissão Européia de Turismo .
A
exposição Encontros na Madrugada
é importante e oportuna ,
pois mostra o
abandono da população
do Rio de Janeiro ,
subjugada pela criminalidade ,
em um
Estado que
se dá o luxo de manter
uma Secretaria de Ação
Social e Direitos
Humanos totalmente
inoperante . A titular desta Secretaria , Benedita da Silva, certamente
não corre risco
com balas
perdidas, pois em
quase um
ano de sua
administração virtual
jamais deu o ar
de sua graça .
Na
próxima semana
continuamos a nossa conversa
abordando a revolução das novas técnicas digitais na fotografia
e na arte .
Abaixo, outras fotografias da
exposição José Oiticica
Filho : Fotografia
e Invenção:
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