Hoje
em dia, com a velocidade com que circulam as informações, o público leigo deve
ficar confuso com diferentes versões entre estudos científicos, como, por
exemplo, a ocupação da América e a importância do fóssil conhecido como Luíza
que foi encontrado em Minas Gerais.
O
primeiro estudo concluiu que Luíza tinha origem na África, o que também
reforçava uma ocupação da América vinda de povos que atravessaram o Oceano
Atlântico.
Mas
estudos genéticos, divulgados recentemente, mostraram que Luíza tinha a mesma
origem das outras populações ameríndias, reforçando a teoria de que nossa terra
foi ocupada por povos asiáticos que chegaram à América do Norte atravessando o
Estreito de Bering.
Estas
mudanças interpretativas podem levar o público a duvidar do que poderíamos
chamar de “Verdade Científica”.
Infelizmente
a maioria das pessoas, devido a falhas no Ensino de Ciências, não possuem
conhecimentos mínimos dos métodos destas disciplinas. A maioria até pensa como Aristóteles,
voltando dois mil anos no tempo.
A
Ciência trabalha com hipóteses , experimentações, teorias
e confirmações práticas
que é essencialmente
o método científico
que marcou o início
da Ciência Moderna com Galileu Galilei no início
do século XVII.
Nas
Ciências Físicas podemos repetir os experimentos inúmeras vezes, em diferentes
condições, usar amostras diferentes e simplificar os estudos iniciais escolhendo
os parâmetros mais relevantes para formular modelos.
Já
na Arqueologia, Paleontologia e Antropologia Física, os estudiosos contam, para
suas pesquisas, apenas com amostras encontradas que atravessaram eras, como o
caso do fóssil Luíza.
Assim
o mapeamento genético seria, vamos dizer assim, a “Verdade” com os dados
obtidos, mas nada impedindo que apareçam novos modelos para a ocupação de nosso
continente.
Para
terminar esta conversa, lembro que Darwin levou vinte anos para publicar a Teoria da Evolução das Espécies, depois
de suas longas viagens de coleta de dados e que hoje tentam desqualificar em
nome do fundamentalismo religioso e da ignorância. Sobre este assunto escrevi um ensaio
intitulado A
Nuvem Negra, que foi publicado no livro Memória,
História e Imaginação.
Abaixo deixo algumas fotos, onde falo
sobre dificuldades e perguntas que me intrigaram.
Na
Foto 1, mostro uma inscrição rupestre no Lajedo do Bravo, Paraíba. Para analisar estas inscrições, usei o
Photoshop, reforçando cada tom das cores, de modo a separar diferentes
inscrições. Após este laborioso e
paciente trabalho, podemos identificar a marca de uma mão, superposta a um
desenho mais elaborado e marcas de inscrições feitas picotando a pedra.
Que
povos e em que época deixaram estas marcas? Como datar estas inscrições?
Foto 1 – Inscrição rupestre, Lajedo
do Bravo,
Paraíba. Foto T.Abritta, 2011.
Na
Foto 2, mostro uma gigante cabeça Olmeca com traços negroides, que fica no
parque de La Venta, México. Em que modelos
de pessoas se inspirou o escultor? Africanos que aqui chegaram?
Foto 2. Cabeça Olmeca, Parque de La Venta, México.
Foto T.Abritta, 2006.
Finalmente,
a Foto 3 mostra um detalhe das construções da Cultura Pachacamac, que floresceu
a uns trinta quilômetros ao sul da atual cidade de Lima, no Peru e que faziam
suas construções em adobe, o único material encontrado na desértica região.
Notem
que a História diz que com a chegada dos Incas, esta cultura já estava em
decadência, mas se observarem a imagem, os muros mais elaborados, feitos de
pedra – sempre atribuídos aos Incas -, ficam abaixo das paredes construídas
pelos Pachacamac (que foram restauradas).
Será
que muitas das construções atribuídas aos Incas, foram na verdade feitas por
outros povos mais antigos?
Uma
informação que reforça minhas suspeitas é que muitos historiadores se baseiam
no livro O Universo Incaico, de
Garcilaso de la Vega, um historiador de origem Inca que valorizava suas raízes
junto à Corte Espanhola.
Tudo muito complicado, não é? E ainda
dizem que a Física é uma área difícil!
Construção Pachacamac, Peru. Foto T. Abritta, 1998.
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