Intervenção
digital em radiografia. T.Abritta.
...no metálico rolar, a trepidação era
afago final. Longa viagem. Corredores labirínticos intermináveis. O oxigênio me fugia, tal a rima ao
poeta. Palavras diferentes. Letras repetidas. Sonoridades de nota só. Sons aprisionados, vibrações amortecidas em
rígidas cordas de aço. Nos delírios
respiratórios, duras mãos, ossificados dedos, inexistentes unhas vermelhas,
teclando palavras mortas nos teclados da imaginação que não brilham mais nos
pixels da iluminação, nem iluminam o fosco opaco do cansado cristalino. Na escuridão, vultos felinos, lânguidas
criaturas, afiam garras de sedução. Inútil
esforço. Vã tentativa em atenuar, na
ilusão, o terror do coma induzido para respiração. O desconhecido: será como um sonho, o não
pensar deste falso respirar? A maca
chega. É o final. Perco a dimensão na estranha sensação do
girar espacial. Agarro-me a uma ilusória
ópera de rua. Atores sumindo, dança cada
vez mais lenta, música afastando-se.
Doce música. Brilhará até o fim
da transitória noite escura? E depois,
quando o nada triunfar sobre o mecânico pulsar?
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