Publicado no Montbläat em julho de 2007.
A
técnica e a arte
fotográfica a cada
dia tornam-se mais
importantes no Brasil. Isto é
atestado pela
qualidade das imagens
em nossos
meios de comunicação
e pelas inúmeras exposições e eventos relacionados a fotografia
que acorrem por
aqui .
Atualmente no Rio
de Janeiro continua a FOTORIO - Encontro Internacional
de Fotografia do Rio
de Janeiro e em
São Paulo, inicia-se em julho o 8º Mês Internacional
da Fotografia . Estes dois eventos promovem
dezenas de exposições
e instalações em
centros culturais, galerias
e espaços diversos . Levados
por esta corrente
fotográfica , vamos voltar
ao nosso “Mundo
de Imagens ”, falando sobre reflexão óptica e fotografia . Vamos iniciar a nossa conversa observando e
comparando as fotos apresentadas nas
Figuras 1 e 2, que foram tiradas de uma antiga
fazenda de café
com um
intervalo de tempo
de aproximadamente noventa anos . A primeira
fotografia é do início
do século XX e mostra
a tulha e o pátio
de secagem dos grãos
de café desta fazenda ,
tendo sido obtida através de uma revelação digital
de um negativo
de vidro . A segunda
fotografia é uma imagem
digital obtida no ano
de 2004. Se observarmos a disposição
das portas e janelas
em ambas as fotos ,
veremos que a par
da remoção da chaminé
e de um bloco
sem janelas ,
que aparecem na foto
primitiva , elas
são iguais ,
desde que
consideremos que a primeira foto (V. Figura 1) sofreu uma reflexão
especular .
Uma análise dos arquivos originais
mostrou que de fato
isto ocorreu, tendo sido a imagem da desta fotografia invertida no processamento digital . Portanto
ambas as fotos mostram a mesma cena , só que obtidas
de ângulos opostos
e podem ser usadas na análise
arquitetônica da tulha desta fazenda . Além deste exercício
visual , fica aqui
um alerta
para os cuidados
no uso de imagens
fotográficas em História . Os livros
Fotografia & História
e Realidades e Ficções
na Trama Fotográfica ,
ambos de Boris Kossoy abordam com profundidade
este tema .
Esta
conversa levou-me a um
saudosismo daquelas velhas sessões de projeção
de slides , quando
os cromos eram montados invertidos e
dizíamos que a imagem
estava com o lado
direito trocado
com o esquerdo ,
como se sofresse uma reflexão especular . Lembrei-me também
das velhas câmaras fotográficas como a lendária
Rolleiflex e a Olympus OM 1, sendo esta última o máximo
da tecnologia para
máquinas fotográficas leves com lentes compactas.
Figura 1 – Tulha
de uma fazenda de café. R evelação digital
de um negativo
de vidro.
Figura 2 - Tulha
de uma fazenda de café. I magem digital
de 2004. Foto T.Abritta.
Na
Figura 3 homenageamos uma destas câmaras
com o “Autorretrato de Allan e Diana com Rolleiflex”. Esta imagem
foi obtida com uma segunda
máquina fotográfica ,
ajustada para disparar automaticamente
após um intervalo de tempo . Na foto
apresentada na Figura 4, o autorretrato foi obtido através
de uma superfície reflexiva ,
como mostra
a inversão das letras
que aparecem na imagem
e se observarem, a câmara está sendo acionada com a mão esquerda , o que implicaria em ter sua construção
invertida.
Na próxima
semana continuaremos.
Figura 3 – Autorretrato de Allan e
Diana com Rolleiflex, por Diana e
Allan Arbus, publicada no artigo Mr. and
Mrs. Inc., Glamour ,
abril de 1947.
Figura 4 – Auto
Retrato Sr. e Sra. K.
Obtido com uma câmera Olympus OM 1.
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