Emoção na cidade.
Chegou telegrama para Chico Brito.
Que notícia ruim,
que morte ou pesadelo
avança para Chico Brito no papel
dobrado?
Nunca ninguém recebe telegrama
que não seja de má sorte. Para isso
foi inventado.
Lá vem o estafeta com rosto de Parca
trazendo na mão a dor de Chico Brito.
Não sopra a ninguém.
Compete a Chico
descolar as dobras
de seu infortúnio.
Telegrama telegrama telegrama
Em frente à casa de Chico o voejar murmure
de negras hipóteses confabuladas.
O estafeta bate à porta.
Aparece Chico, varado de sofrimento prévio.
Não lê imediatamente.
Carece de um copo d’água
e de uma cadeira.
Pálido, crava os olhos
nas letras mortais.
Queira
aceitar efusivos cumprimentos passagem data natalícia espero merecer valioso
apoio distinto correligionário minha reeleição deputado federal quinto distrito
cordial abraço Atanágoras Falcão
Poema de Carlos Drummond de Andrade.
O telegrama já foi o mais rápido meio
de comunicação. As letras e algarismos eram
codificadas por pontos e traços, segundo o Código Morse e a mensagem
transmitida por pulsos elétricos curtos (pontos) e longos (traços) através dos
cabos telefônicos.
Para quem não conheceu, ver abaixo a
imagem de um telegrama enviado “com urgência”.
Ah, “PT’ significa ponto.
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