“Os
Gordon Childe.
Olhando esta pedra na minha estante,
lembro-me da Praia do Moçambique, na Ilha de Santa Catarina, onde estive há
muitos anos.
A praia, de areias cristalinas, tinha
uns oito quilômetros de extensão e margeava uma reserva de vegetação costeira
praticamente impenetrável.
Depois de percorrer uma grande
distância nesta praia, iniciei o retorno, pois a maré estava subindo e as ondas
provocavam desabamentos na encosta, levando terra e vegetação, quando vi uma
pedra que afundava na areia. Corri e consegui pegá-la.
Seria esta pedra um artefato
arqueológico, como sugere sua forma?
Tinha aproximadamente uns dezoito centímetros de comprimento e
assemelhava-se – ver figura abaixo – a um percutor bem polido, ferramenta
lítica usada, por exemplo, como batedor, mão de pilão e inúmeras outras finalidades.
Pensando na frase do arqueólogo Gordon
Childe, usada como epígrafe para este texto, fico especulando: seria esta
“pedra”, o vestígio único de algum grupo que ocupou este litoral? Afinal, o nível do mar era muito mais baixo e
foi subindo, submergindo terras emersas ao longo dos anos, formando –
aproximadamente há uns sete mil anos atrás – o litoral como hoje
conhecemos. Portanto, vestígios de povos
que ocuparam este litoral podem estar submersos e inacessíveis.
Olho aquela pedra na minha estante e
passo a considerá-la um solitário artefato, vestígio de povos perdidos no
tempo.
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