Este
país tem tantas coisas e pessoas interessante e boas, que é uma lástima que
tenhamos que perder tanto tempo lutando contra excrescências que pululam nestas
cortes e parlamentos ditos supremos. Mas,
como ninguém é de ferro, falemos dos rostos alegres e humanos que vivem nos
fundões do Brasil e que muitos, infelizmente, não conhecem.
Esta
história ocorreu nos meados dos anos 90.
O pequeno avião voava
rente às copas das gigantescas árvores.
Macapá ficava para trás, a paisagem de alagadiços e florestas se
impunha. Éramos uns oito, quase todos de
São Paulo. Naqueles tempos, viagens como
esta eram desqualificadas pelos Cariocas: “Pô, isto é programa de índio...”.
A
chegada em Oiapoque foi emocionante – quem não se lembra das antigas aulas de
Geografia: “O Brasil vai do Oiapoque ao Chuí”?
Nem
tivemos tempo de passar no hotel. O
jeito foi alugar um ônibus caindo aos pedaços e irmos almoçar com o comitê de
recepção. Todas as autoridades – claro, as importantes –, estavam presentes: o
prefeito-índio, o capitão comandante do batalhão de guerra nas selvas, sua esposa
e filhinha; o piloto e copiloto do avião, a recepcionista do aeroporto – que foi
fechado – e os dois sargentos operadores do radar do Cindacta, que foi deixado
no modo automático.
Depois
do almoço passeamos de canoa pelo rio Oiapoque, conhecemos suas cachoeiras,
visitamos a Guiana Francesa e após muito esforço, praticamente empurrando o
ônibus por caminhos lamacentos, chegamos a uma aldeia indígena.
Todos
pareciam ter sido abduzidos. Era uma transmissão
especial, via satélite, do último capítulo de uma novela da Globo...
O
único rosto amigável foi da indiazinha que apareceu na janela.
Oiapoque, AP. Foto T.Abritta.
Viajei com a sua narrativa...Há muita coisa nesse país que vale a pena e que nunca vêm à tona. infelizmente. Só o que não vale a pena é que fica por aí no comando e absurdamente em evidência...
ResponderExcluirObrigado, Iara Abreu. Este é o nosso Brasil que ter que ser valorizado para combatermos este males que nos afligem. Abraços.
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