Publicado no Montbläat, abril de 2007
Continuando a nossa
jornada por
este mundo
de imagens , iniciada
na semana passada ,
devemos realçar que
uma característica da gravura
é justamente esta inversão
da imagem entre
o clichê ou
placa de gravação
e a gravura em
sua forma final já
estampada. Esta inversão
foi uma das primeiras descobertas gráficas dos povos
neolíticos que
nos legaram vários
registros de suas
mãos estampadas em
paredões de pedra
pelo Brasil afora ,
conforme mostra
a Figura 5, onde
uma mão esquerda
estampada na pedra equivale a uma mão direita nos acenando.
Os gravadores primitivos tinham uma grande
dificuldade com
esta particularidade da técnica e mesmo
na tipografia de tipos
móveis faziam trocas ,
principalmente entre
as letras d e b como também entre o p e
q que
eram chamadas de “as quatro letras ”
(ver Deus e o Diabo na Literatura de Cordel , Revista
de Cultura Vozes ,
outubro de 1970). Voltando à primeira
parte deste artigo ,
o xilógrafo, nas figuras 2 e 3 apresenta,
respectivamente , um
músico e um
diabo canhotos . Na Figura
2 o músico canhoto
toca uma espécie
de guitarra de quatro
cordas .
Provavelmente o artista quis gravar um cavaquinho que
tem suas quatro cordas
afinadas em ré-si-sol-ré. Mas como apresentado nesta xilografia
teria que ter
suas cordas
montadas invertidas em ré-sol-si-ré para adaptar-se ao nosso
músico canhoto .
Na Figura 6
mostramos uma xilogravura também
de José Costa Leite ,
onde houve um
aperfeiçoamento técnico e a matriz foi preparada
com o cuidado
de inverterem-se não só as iniciais
do autor como
todo o motivo
representado.
Finalmente, na figura
abaixo, apresentamos a gravura de
Picasso que motivou toda
esta história . Nesta obra
a data ficou invertida, sendo provavelmente
uma das brincadeiras do artista com o público .
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