Guimarães Rosa
nasceu em 1908 em
Cordisburgo, situada entre Sete Lagoas e
Curvelo, no sertão de Minas Gerais . Foi médico ,
diplomata e percorreu o mundo , sempre retornando
para as fazendas
e campos mineiros ,
por ser um apaixonado pela
cultura sertaneja ,
seus falares e valores . Nos últimos vinte anos
de sua existência – faleceu aos 59 anos – despontou como
um grande
escritor , publicando livros traduzidos em
diversas línguas. Esta universalidade
foi atingida ao penetrar intimamente na vida do sertão ,
escrevendo sobre o homem
universal que
existe em todos
nós .
Infelizmente as culturas locais
e os grandes valores
da humanidade vão
desaparecendo com a globalização
imposta pelo
besteirol televisivo, que tende a criar uma cultura de mediocridade geral . Mas , assim como Rui
Barbosa dizia que a Bahia não era um estado e sim um país , diante da
grandiosidade de sua
cultura que
sobrevive até hoje, em Minas , o sertão
de Guimarães Rosa, o Grande Sertão: Veredas,
continua eterno , graças
a uma ideológica resistência cultural dos mineiros , com a
valorização de todos os seus aspectos : artes,
do patrimônio histórico , ciência, costumes , culinária
e em particular
seu linguajar .
O sucesso dessa preservação depende mais
de ações individuais
e comunitárias do que unicamente do poder público . Depende também de andarmos Pelo Sertão e de conhecermos o Chapadão do Bugre, a Vila dos Confins e A Palavra Minas, que só os
mineiros sabem e não dizem nem a si mesmos.
Ao chegarmos à Vila de Cocais, uma grata notícia: os desenhos citados ainda existiam e ficavam no sítio
da Pedra Pintada
(ver figura ),
para onde
rumamos. Lá
chegando, fomos recebidos por Dona Maria Andrelina dos Reis
com muita simpatia, falando como se
declamasse poesias , o que muito nos impressionou, pois era o falar do Grande Sertão
dos Gerais que
estava vivo , quarenta anos após Guimarães Rosa registrar esta linguagem em sua grande obra . E lá foi Dona
Andrelina nos “corrigindo” até a Pedra Pintada , falando entusiasticamente sobre as pinturas
rupestres e sobre
a região , mostrando uma casinha perdida lá em baixo do vale onde vivia um
“confinante”, um de seus
vizinhos mais
próximos .
O sítio
arqueológico da Pedra Pintada é constituído de mais
de cem pinturas ,
em três
grandes painéis datados
de 6.000 anos a.C. Mesmo
dando um desconto
na “modéstia” mineira , alguns dizem que
estas pinturas são
comparáveis às inscrições rupestres encontradas nas grutas
de Altamira na Espanha e Lascaux na França.
Esse patrimônio
cultural é conservado com muito zelo pela família do
proprietário da área .
Notas:
Carretão: Constelação da Ursa Maior.
Carreiro-de-São-Tiago: Via Láctea.
Maio de 2009
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