“É tanta rapidez
que até deixa um vento para trás.
Na fotografia
aparece só o rabo do cavalo.”
Caio, 5 anos,
agosto de 2014.
Esses comentários, usados como
epígrafe dessa crônica, ilustram a dificuldade de “captar” movimentos, como
fotografar uma corrida de cavalos no Jockey
Club do Rio de Janeiro. Hoje com a
velocidade dos filmes da chamada fotografia química ou dos sistemas digitais, até
na fotografia amadora pode-se congelar facilmente cenas de movimento.
No passado, mesmo usando-se filmes de
alta sensibilidade, obter fotos como a mostrada na Figura 1, não era
trivial. O fotógrafo tinha que incluir
na cena, tanto os jogadores como a bola.
Era como usar uma arma de um tiro só, pois não havia tempo hábil de
mover o filme para o próximo quadro. Na
década de 40, na câmara Leica, por
exemplo, o transporte do filme era feito por enroscamento e não por alavanca como
nos modelos posteriores deste equipamento – M2 e M3.
Nas câmaras fotográficas atuais, a
captura de imagens, como a mostrada na Figura 1, são facilitadas pelos sistemas
de disparo automático com a obtenção de vários fotogramas em frações de
segundos.
Figura 1 - A
Bicicleta de Pelé. Foto Alberto
Ferreira, 1965.
Outro avanço que contribuiu para estas
facilidades foi o aperfeiçoamento no cálculo e fabricação de lentes.
As primeiras lentes eram polidas
manualmente, o que demandava muito tempo, e as objetivas calculadas com o uso
de tabelas de logaritmos. Para projetar uma objetiva, como a
mostrada na figura abaixo, levava-se muitos dias, resultando em uma pilha de
quase meio metro de cadernetas com fórmulas, números e desenhos (*). Somente no início dos anos 60 foram calculados
os primeiros sistemas ópticos usando um computador IBM.
Figura 2 – Projeto de uma objetiva de 100 mm
para a
câmara de um Daguerreótipo, 1840.
É interessante observar
também , em face dos progressos relacionados à fotografia, que o primeiro registro escrito da tecnologia óptica vem da Bíblia . Os primeiros
espelhos eram feitos
de placas de pedra
polida e depois
de placas polidas de cobre ou bronze e são
descritos na antiguidade bíblica em Êxodo 38:8,
onde se relata como
Beseleel construiu um dos objetos do altar
do santuário em
Jerusalém: Fez uma bacia
de bronze e a sua
base com
os espelhos das mulheres
que serviam à entrada
da Tenda de Reunião .
Nota:
(*)
Eu tive a oportunidade de conhecer, na década de 80, uma pequena indústria
óptica que funcionava no bairro da Penha, na cidade do Rio de Janeiro. Fabricavam microscópios, diversos
instrumentos científicos e balanças analíticas.
Tudo era projetado e calculado pelo proprietário (manualmente com o uso de tabelas de logarítmicos), que polia lentes,
espelhos, bem como construía as partes mecânicas. Este construtor óptico era tão criativo que nas
“miras” das lentes oculares usava fios de teias de aranhas devido à
regularidade microscópica nos seus diâmetros.
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