Jangadas, Praia de Imbassaí,
Bahia. Fotos T.Abritta, 2000.
A
noite chegava. Como um felino acuado,
enxergava na escuridão as imagens daqueles restos de jangadas de troncos de
Apeíba, o Pau-de-Jangada, nas praias baianas de Imbassaí. Deitadas no banco de areia entre a barra do
rio e o azul do mar, teimavam em não virar pó.
Hoje são construídas de compensado naval e recheadas de isopor. E as velas latinas de algodãozinho, a língua
branca dos indígenas, a asa branca dos poetas?
Agora coloridas com estampas: Banco do Brasil, Caixa Econômica...
Mas minha obra era apenas
fotografias. Duplos em papel, de
frágeis, perecíveis realidades. Imagens
guardadas em cristais de prata e gelatinas de corantes que degradariam com o
tempo, deixando a cor dissipar. O brilho
congelado de mundos em extinção...
Do conto O Fotógrafo
e o Jangadeiro,