...foi assim: a família, mãe, filho,
filha, tios, tias, irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, primos, primas – todos reunidos,
a festejar, naquele conjunto de residências construído no enorme terreno
adquirido por seu pai há tantos anos, com tanto sacrifício, trabalhando como pedreiro.
Um bairro pacato, familiar de Nova
Iguaçu, Estado do Rio de Janeiro.
Alguns já iam para o portão conversar
com os vizinhos. Jovens formavam grupinhos,
conversando nas esquinas.
Hoje domingo, amanhã segunda – dia de
acordar cedo, dia de trabalho.
A Paz interrompida por medonhos
estampidos. O ronco da moto. Gritos
de horror: mataram o Tales!
Vera enlouqueceu. Dezessete anos criando com dificuldades o
jovem Tales, doze anos a sua menina.
Seu grande mérito era ser “uma mãe
dedicada”.
Há pouco tempo, o grande sonho de
Tales foi materializado: vestir-se socialmente e frequentar a Igreja
Evangélica.
Ganhou um terno, camisa, sapatos,
meias e gravata.
Mas a criminalidade migrou para esta
área. Hoje território ocupado. Jovens
são convocados para servir ao mundo do crime oficializado.
Amanhã Vera não virá trabalhar. Estará velando Tales, ensanguentado,
estendido na calçada, até o amanhecer. Em
lugar de pobre é assim. A perícia não
trabalha de noite.
Fico aqui pensando, enquanto leio “A
Tabela do Campeonato Brasileiro 2015”, que enviaria para Tales.
Quando os reais responsáveis por toda
esta violência, como o governador do Rio de Janeiro, vulgo Pezão, e seu “estado
maior”, serão criminalmente responsabilizados e severamente punidos?
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