A Fotografia
de Natureza pode ser comparada a uma grande encenação teatral, onde o
diretor não tem o poder de criar as cenas.
Simplesmente tenta captar o que vai acontecendo diante de seus
olhos. Assim, em recente expedição ao
Polo Norte (ver em Extrema Latitude: ExpediçãoPolo Norte), “capturei” algumas cenas, mostradas nas Figuras 1 a 3, sugerindo
algumas interpretações.
Na primeira foto, tirada aos trinta
minutos da madrugada de 10 de julho de 2012, observamos no horizonte uma faixa
esbranquiçada. Como já estávamos acima
da latitude 80º em nossa navegação rumo ao Polo Norte, um por do sol fica
excluído. Lembramos ainda que neste caso
o horizonte seria avermelhado. A
explicação para este registro fotográfico é que esta luminosidade branca indica
a proximidade da calota polar com a reflexão da luz pelo gelo.
Por outro lado, quando já estamos
navegando sobre o gelo e observamos um horizonte enegrecido, temos uma
indicação da proximidade das águas oceânicas que absorvem toda a luz solar.
Uma das preocupações com o
derretimento acelerado do Ártico é que toda esta luz, normalmente refletida,
será absorvida pela Terra, agravando o aquecimento global.
Figura 1 – Horizonte esbranquiçado? Foto T.Abritta 2012.
A imagem mostrada na Figura 2 foi
obtida ao fotografar um helicóptero voando no horizonte com os raios solares
refletidos na calota polar.
Normalmente quando temos muitos micro
cristais de gelo levados pelo vento contra uma forte iluminação solar, observamos
o fenômeno conhecido por “poeira de diamantes”, ou seja, um brilho atmosférico
com a luz sendo espalhada, refletida e refratada. Na nossa imagem, apenas alguns cristais atingiram
a lente fotográfica criando o efeito registrado.
Figura 2 – Cristais de gelo? Foto T.Abritta 2012.
Na Figura 3 mostramos um efeito
parecido com a forma de um arco íris, só que esbranquiçado. Como por aqui dificilmente teríamos gotículas
de água em suspensão, este efeito deve ser causado por reflexões nas faces dos
micro cristais de gelo e não refrações, o que implicaria nas cores resultantes
da decomposição da luz.
A explicação completa para esta foto
requer ainda uma análise mais detalhada.
Para os que se interessarem por
fenômenos luminosos em Fotografia de Natureza, recomendo o livro: Light and Color in the Outdoors, M.G.J.
Minnaert. Springer-Verlag, 1993.
Figura 3 – Arco íris esbranquiçado? Foto T.Abritta 2012.
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